Muito prazer, eu sou Fernanda Pinheiro Alface, uma mulher tecelã desde o ventre da mãe. Tataraneta, bisneta, neta e filha de mulheres nordestinas - cearenses e pernambucanas - que dedicaram suas vidas a arte de plantar, rezar e tecer. Teares, crochê, tricô, bordados e costura fazem parte da memória e ancestralidade que me fazem hoje assumir esse compromisso como guardiã dessa arte de materializar a essência da proteção, da beleza e da alegria: a costura. É parte da minha medicina, o que faço com amor.

Amante e aprendiz das culturas populares de matriz indígena e afro-brasileira, e também buscadora da visão, senti que era o momento de tomar coragem para viver a evolução dessa ideia que começou a ser desenvolvida em 2016 em Florianópolis, com o LactucaLAB. Hoje, quatro anos depois e tendo retornado a São Paulo, pude vivenciar alguns momentos de conexão profunda com minha essencia, integrando conhecimentos, experiências e encontros ao meu lado profissional. Permitindo o "tempo rei" cumprir seu papel, veio a inspiração e o nome que reacendeu a chama da criatividade e clareza no coração: a Pano Porã - que em tupi quer dizer Pano "bonito".

Sou também permacultora e bacharel em Design de Moda pela UDESC, e foi justamente na permacultura que encontrei - ainda durante a universidade - uma forma de alinhar os valores de cuidado com a terra, com os seres vivos e uma partilha justa a construção do vestuário com propósito. Assim, de repente me vi fazendo arte com retalhos, sobras da indústria e desconstruindo peças de brechó (sem abrir mão de usar aquelas chitas bem floridas que mamãe me ensinou a amar quando era pequena ainda), pintando poesias e bordando pra lá e pra cá.

O propósito de compartilhar essas criações é abrir as portas do meu coração para compartilhar uma nova alternativa de consumo mais consciente e ecológica de forma alinhada ao resgate de saberes femininos e ancestrais, à cultura popular brasileira e a poesia. A Pano Porã serve a transição planetária para Era de Aquário, onde o 'ser' e o 'sentir' se sobressaem ao fazer ou ao ter, e, dessa forma, aquilo que é feito a mão, com o próprio corpo, com a própria voz volta a ter seu valor, seu poder reconhecidos como a expressão genuína, autêntica e original de cada ser. Usar a costura e a partilha de conhecimentos através das oficinas pelo resgate da ancestralidade, do primor e impecabilidade com nossas vestes sagradas é reconhecer-me como uma fonte para recordar-nos que somos sacerdotisas e sacerdotes, compromissados com a Mãe Terra que nos dá alimento, com as água que nutrem nossos corpos, o fogo do nosso coração e com a elevação da vibração e conexão com a Unidade atarvés da arte.

E você, ousaria vestir poesia?